segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Quem é essa Dilma?

Por José Afonso da Silva

Diferenças a parte, a Dilma que fez sua defesa pela manhã no senado, está longe de ser aquela Dilma que estávamos acostumados a ver e ouvir nos últimos anos.
Por 30 minutos, Dilma fez uma fala contundente, bem elaborada, tocou em todos os temas fundamentais para sua defesa e ao mesmo tempo denunciar seu algozes.
Alguns irão dizer que ela leu seu discurso, o que diminuiria seu impacto, mas esse argumento é insignificante, considerando o momento histórico.
O fato é que Dilma se colocou de forma altiva, firme e coerente diante de um tribunal que já tomou sua decisão meses atrás sobre seu afastamento.
Claro, Dilma poderia ter assumido o seu principal erro, ter traído as expectativas dos 54 milhões de eleitores ao aplicar o programa de seu adversário Aécio Neves. Poderia ter pedido desculpas pela aplicação do ajuste fiscal. Poderia ter pedido desculpas por ter se aliado com os mesmos bandidos que ora a afastam do poder. Etc.
No entanto, fica claro também que um dos grandes erros de Dilma foi ter ouvido e aceitado os conselhos de assessores petistas e do próprio Lula, que a transformaram num joguete na disputa política entre PT e PSDB.
Não por acaso, muitos petistas da direção do partido esperam o encerramento do processo de impeachment para poderem se concentrar nas eleições de 2018, quando esperam ter recuperado o desgaste sofrido pelo partido com o envolvimento de seus quadros em escândalos de corrupção.
É remota a possibilidade de Dilma reverter seu afastamento, mas ela consegue a proeza de deixar na consciência da população - Mesmo daqueles que não concordam com ela - como esse processo foi um tremenda farsa levada a cabo pelos partidos mais corruptos da história e daqueles que atuam a mando dos agentes do mercado financeiro, ávidos por conquistar os recursos naturais do país, leia-se PMDB e PSDB.
No Epílogo deste processo, como disse o camarada Maringoni Gilberto, "Dilma se agiganta". Pena que na hora errada, no momento errado e sem fazer a autocrítica correta, porém, contribui para o processo de desmascaramento do governo Temer e da luta que travaremos contra ele no próximo período. Não apenas como um governo que ataca os trabalhadores, mas também de um governo ilegítimo.


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